domingo, 9 de novembro de 2014

Entrevistas: maquinas

maquinas - Foto: Divulgação
Quem são? Como e onde surgiu “maquinas”?
Roberto Borges - O maquinas são Roberto Borges (eu), Allan Dias e Samuel Carvalho. A gente começou em maio de 2013, com uma vontade mútua que eu e o Allan tínhamos de tocar e fazermos um som influenciado pelo que a gente gosta (e superar as frustrações passadas de bandas que não deram certo [risos]). Bem, no começo nós tínhamos uma ideia de seguir mais na linhagem do shoegaze, mas naturalmente o som foi estreitando praticamente mais pelo que gostamos de ouvir, desde o shoegaze, punk, até os sons mais experimentais. Acredito que todos esses “gêneros” da música underground dialogam entre si em algum aspecto, no mínimo que seja.

Há alguns meses, a banda lançou o EP, cujo título é homônimo ao nome do grupo. O EP está disponível fisicamente, ou só para download? Podem nos falar sobre a produção do EP? Participações, composições, melodias.
Roberto Borges - Optamos pelo EP digital, download gratuito e etc. . Queremos lançá-lo fisicamente, mas, pelo menos eu, não tenho muito conhecimento sobre a logística dessa produção. Mas com certeza seria muito foda. A gravação foi bem caseira e humilde. Juntamos uma placa de som, dois microfones (sendo um deles emprestado), uma bateria também emprestada. Durante um mês nos dirigimos para uma casa dos meus pais, situada em uma praia aqui perto de Fortaleza. Nós tivemos o apoio e a ajuda do Miná (que masterizou o EP), mas a conclusão foi com base em  tutoriais extraídos do youtube, google e etc.

Allan Dias - Por questões de ser o primeiro material da banda, optamos por lançar apenas digital e gratuito, já que ainda estamos fazendo o nosso nome. Não fazia sentido gastarmos uma grana considerável em um EP físico, já que não tínhamos ideia nem da nossa base de fãs e de quando teríamos um “retorno” financeiro com o investimento. A arte foi feita pela Helena Lessa, do Rio de Janeiro, amiga do Betos, e ficou simplesmente maravilhosa. Sintetizou bem até a imagem da banda. 

As composições foram feitas em cima de "jams" em ensaios. A gente simplesmente chegava e jogava uma ideia e aos poucos se desenvolvia. Quando tínhamos algo concreto, gravávamos o “rascunho”, e foi meio que assim até o dia das gravações do EP.

O lo-fi é o estilo bem característico do “maquinas”. Como vocês vem o estilo recebido dentro de Fortaleza (sua cidade natal) e fora dela?
Roberto Borges - É... o lo-fi tem várias definições. Se você entender que lo-fi é um som feito por todas as limitações monetárias, de equipamento, então podemos dizer que foi esse jeito que nós encontramos pra lançar nossa música. Acho que pode sim dizer que nós somos lo-fi. Mas se pensar em uma estética lo-fi, não sei se a gente se enquadra no perfil.

Allan Dias - Acho que não só em Fortaleza, mas como em qualquer cidade ou país do mundo o lo-fi sempre existe como uma “alternativa” na música, mas dentro do viés financeiro e tecnológico, como o Betos disse, "sempre tem uma banda gravando de forma bem “lo-fi” na cidade". No selo o qual gerencio, o Ruído B, boa parte das bandas que estão no "cast" se utilizaram de gravações lo-fi para lançar seus trabalhos. É uma questão de simplesmente trabalhar com o que temos.

No nosso caso, gravamos desse jeito porque não tínhamos outra opção: Não tínhamos dinheiro (e advinha só: ainda não temos [risos]) para pagar sequer a gravação da bateria em um estúdio no mínimo decente. Como já tenho um certo conhecimentos sobre gravação e mixagem, decidimos fazer com nossas próprias limitações. E isso meio que torna o EP muito natural e pessoal. Está tudo bem visível no áudio. A gravação nada profissional, alguns erros aqui, outros ali e alguns ruídos de som. Está tudo lá como realmente foi. E gostamos do resultado, muito mais do que gostaríamos se entregássemos nossas músicas nas mãos de algum produtor musical, que não conhecesse sequer um Sebadoh! [risos]. Mas o lo-fi do maquinas morre ai. Não pretendemos utilizarmos disso apenas como estratégia ou estética. O lo-fi pode te dar muitas oportunidades assim como também pode fechar seu espectro de experimentações. O lance é não se limitar apenas nisso e evoluir da forma mais natural possível.

O que vocês acreditam que precisam mudar na cena musical de Fortaleza?
Roberto Borges - Aqui tem muitos artistas fodas, muitos mesmo. Mas acho que a galera podia ter um pouco mais de ousadia. Sair do som polido e fazer tudo que é coisa dentro dos padrões técnicos. Sinto um pouco de falta de “crueza”.

Allan Dias - Precisam parar de escutar Arctic Monkeys e Queens of The Stone Age e começarem a escutar The Fall.

Qual foi o dia ou momento mais marcante para o “maquinas”?
Roberto Borges - Acho que o dia que aconteceu o "Djambéiss". Foi um evento totalmente organizado por "brothers" e suas bandas. O evento ocorreu no Porto das Dunas, na mesma casa onde gravamos o EP. Foi uma vibe muito massa. Faltou energia no meio da nossa apresentação e mesmo assim deu uma galera. Acho que foi massa, porque caiu a ficha de que Fortaleza tá nessa carência de artistas e eventos, que tenham esse ideal de fazer acontecer e que tem muito potencial pra dar certo.

Com qual artista ou banda vocês gostariam de fazer um show?
Roberto Borges - Poxa, aqui do Brasil, seria ser muito maneiro tocar com o Farmacopéia e com o Hierofante Púrpura. São duas bandas que eu considero as melhores do país.

Allan Dias - A nível nacional, tocar com bandas como Lupe de Lupe, Bela Infanta e Labirinto seria muito foda! Já bandas internacionais, tocar com o Melvins, Swans, Boredoms, Brian Jonestown Massacre, Wire... a lista segue! [risos]

Deixem uma mensagem para aqueles que tem curiosidade para saber mais sobre vocês.
Roberto Borges - Quem quiser saber mais do maquinas é só visitar nossa página do Facebook, onde a gente vai estar sempre atualizando com qualquer novidade da banda. Esse mês estamos preparando uma música nova, que acredito será lançada em Dezembro. Não vou falar mais nada porque não quero dar spoiler [risos]. Tem coisa boa vindo pela frente também e já estamos nos planejando melhor em como atuarmos na cena em 2015. Vai ter material novo também nesse meio tempo e tá sendo bem interessante como as composições estão correndo agora. 

Além disso, o maquinas é uma das bandas que está no cast do selo chamado Ruído B, selo que criei, em conjunto com o Gabriel do Chinfrapala, onde a gente busca criar um “lar” para bandas mais experimentais da cidade, de estilos que podem desde o shoegaze, o post-punk até o experimental, o noise e o drone e ajudá-las a divulgar o seu som pelo país. Quem tiver interesse acessa o nosso facebook para conhecer o nosso trabalho: https://www.facebook.com/ruidobrecords

No mais, quem quiser trocar umas ideias sobre bandas legais comigo sou todo ouvidos, desde que não venha falar de Black Keys!

Links:

Agradecimentos:
- Roberto Borges

Ouça agora, maquinas - maquinas [EP]:

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